sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Vizinho é uma palavra oriunda do latim (vicinu). Entre seus vários sentidos (iminente, análogo, de igual gênero ou classe, afim, etc.), inclui-se o de habitante ou morador de casa próxima àquela onde moramos, embora, nos tempos de agora, quem resida em um desses edifícios que tomaram conta de nossas cidades esteja vivendo praticamente encostado nos ocupantes do apartamento ao lado do seu, porque separado deles por uma simples parede de tijolos em pé. Não é muito, diga-se de passagem, e por isso mesmo essa proximidade inevitável permite que cheguem aos ouvidos alheios os sons e movimentos que deveriam ser particulares porque dizem respeito somente aos que os produziram, e a mais ninguém, o que volta e meia acaba provocando algum desentendimento ou mal-estar entre os condôminos da direita e esquerda, ou vice-e-versa.
O ser humano sempre viveu em aglomerados, certamente em busca da proteção que uns poderiam dar aos outros. Ao se sentirem seguros, porque cientes de que a ajuda, caso necessária, estaria a uma distância de grito, homens e mulheres passaram a viver mais sossegados e tranqüilos em seus respectivos cantos, sem muitos sobressaltos diurnos ou noturnos, e foi assim que se solidificou o espírito de integração e afinidade entre os que tinham suas casas de morada a distâncias relativamente curtas das dos seus vizinhos. Esse modo de vida ainda pode ser observado nas pequenas cidades, aonde, em muitos casos, a ligação existente entre confrontantes é mais forte do que a mantida entre eles e muitos de seus parentes de sangue. Por isso, nesses lugares, é comum os vizinhos acabarem unidos por forte amizade, tornando-se amigos, compadres e confidentes.
O mesmo não acontece, no entanto, nos centros urbanos mais desenvolvidos, que é onde se concentra atualmente a maioria da população brasileira. Hoje, nessas cidades, predominam edifícios de todos os tipos e tamanhos, cujo espaço interno é dividido em pequenos, médios ou grandes apartamentos, que por sua vez abrigam famílias também de todos os tipos e tamanhos. Infelizmente, nesses prédios o relacionamento entre os que nele residem praticamente deixou de existir porque os condôminos se fecham em suas respectivas moradias, chegando a ponto de grande número deles desconhecer por completo quem são, ou o que acontece com os seus vizinhos de porta. A insegurança dos tempos modernos faz com que seja cada vez maior o número de pessoas receosas de estabelecer novos relacionamentos, e por isso elas se mantêm distantes umas das outras, isoladas em seus pequenos domínios, protegidas por guaritas de segurança, câmaras de vídeo, fechaduras especiais, grades, cercas eletrificadas, cadeados, trancas e outras coisas assemelhadas.

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