sexta-feira, 18 de março de 2011

Dia 19 de março, dia de são José e as chuvas da época

Tradicionalmente no catolicismo celebra-se a festa de são José no dia 19 de março e, especialmente no nordeste do Brasil, há uma crença forte de que se não chover até o dia do santo acima citado, não há inverno. Há novenas em honra ao pai adotivo de Jesus. Mas que relação há entre as chuvas e a festa josefina? No dia 19 de março há, no mundo inteiro o “equinócio de outono”, que é um dado meteorológico quando entre os dias 19 e 21 de março acontece o “equinócio” de março. Equinócio é uma palavra que deriva do latim (aequinoctium), e significa “noite igual”, e refere-se ao momento do ano em que a duração do dia é igual à da noite sobre toda a Terra. Teoricamente o sol está sobre o equador. Astronomicamente isto se dá quando a Terra atinge uma posição em sua órbita onde o Sol parece estar situado exatamente na intersecção do círculo do Equador Celeste com o círculo da Eclíptica; ou seja, instante em que o Sol no seu movimento anual aparente pela Eclíptica, corta o Equador Celeste, apresentando declinação de 0º. Assim acontecem em março a primavera no hemisfério norte e outono no hemisfério sul. Os solstícios. A palavra Solstício, deriva do latim, sol + sistere (solstitium), que significa parado, imobilizado e está associada à idéia de que o Sol estaria como que estacionário. Marca a época do ano em o Sol, no seu movimento aparente na esfera celeste, atinge o máximo afastamento angular do Equador.
Em várias culturas ancestrais à volta do globo, o solstício de inverno era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com o Natal da religião cristã. O solstício de inverno, o menor dia do ano, a partir de quando a duração do dia começa a crescer, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão. Festas pagãs das mitologias persa e indú referenciavam as divindidades de Mitra como um símbolo do "Sol Vencedor", marcada pelo solstício de inverno. A cultura do império romano incorporou a comemoração dessa divindade através do Sol Invictus. Com o fortalecimento da religião cristã, a data em que se comemorava as festas pagãs do "Sol Vencedor" passaram referenciar o Natal através da comemoração do nascimento de Jesus Cristo, sem vínculos diretos com as antigas festas pagãs.
Assim como o judaísmo impôs o nome de seu Deus Javé aos outros povos a seu redor, como por exemplo, os locais sob as árvores que eram considerados sagrados aos deuses de fertilidade, os israelitas passaram a usar estes santuários como de Javé, os cristãos primitivos assumem os locais e datas consagrados aos deuses e deusas não cristãos. O domingo que era o dia do “divino solis invictus”, o divino sol invicto, o deus da luz desde o antigo Egito, os cristãos dedicaram o domingo como o Dia do Senhor”. Outro costume foi dedicar a cidades, locais, datas celebraticas etc, sob a proteção de um santo, pois quando os israelita chegaram a Babilônia como prisioneiros de Nabucodonosor para o exílio (586 a 538 a. C), já encontraram este costume religioso/cultural e lá o padroeiro da cidade era o Deus Marduk que em uma batalha derrota a Deusa Thiemat e faz o universo  os pedaços desta .
Paulatinamente os cristãos vão atribuindo santos padroeiros (o que protege, dá proteção) às cidades, situações etc. São José é o padroeiro da Igreja católica, das famílias e dos trabalhadores e, no Nordeste brasileiro o povo passa a atribuir a ele o poder de mandar chuvas, pois a região é geograficamente favorável a secas ou pouco inverno. Este, para nós é simplesmente uma quadra invernosa, e depende de dois fatores climáticos: o aquecimento das águas do Oceano Pacífico à altura do Chile e das correntes fluviais do Atlântico que vêm da África conhecidas como Zona de Covergência Intertropical. Isto é ciência e os que aqui chegaram o colonizaram o Nordeste e implantaram o catolicismo, não sabiam disto como hoje sabemos. E também: Bíblia, Igrejas, religião não são ciências. Meteorologia é Ciência e a ela compete explicar as condiçoes climáticas, nem sempre “acertadas”. Daí a expressão popular de que só Deus sabe tudo. Juntemos fé e Ciência, como afirmava Tomás de Aquino, confiando na Ciência, digamos: São José, rogai por nós.
Fernando Gondim, teólogo


Confira um vídeo sobre o equinóvio e solstitium:

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